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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Eu luto para não esquecer: uma perda

Hoje é um daqueles dias que você se surpreende com a vida, acordei com a notícia de que um querido que conheço há uns 16 anos faleceu. O que me entristece mais nessa história é que ele é de outra cidade e costuma vir para Marília/SP nas férias, após uns três anos sem vim, em dezembro do ano passado ele retornou e permaneceu por aproximadamente um mês.
Nesse tempo eu o via de longe e a única conversa que tivemos eu estava dentro do carro e ele na rua comentou sobre o carro, a conversa durou no máximo cinco minutos. Todos os dias eu pensava que precisava conversar com ele, afinal quando éramos crianças e adolescentes passávamos horas e horas conversando juntamente com toda a galera da vizinhança. Meus pensamentos em conversar não se concretizavam pelo fato de eu pensar "amanhã vou, hoje preciso terminar de ler aquele texto" ou  "amanhã vou hoje preciso terminar de escrever aquele texto", "amanhã vou hoje preciso fazer o trabalho", "amanhã vou hoje estou cansada", "amanhã vou hoje preciso enviar e-mails" e assim por diante, até que um dia ele foi embora...Em meio a correria eu não separei um tempo para ter com ele e hoje percebo que esse tempo não poderá ser separado nunca mais, eu ainda continuo com todas essas ocupações, mas não  o tenho mais.
A história se agrava quando percebo todas as dificuldades que ele estava passando e eu nem sequer falei que haveria uma solução para tudo aquilo, que aquilo seria passageiro e que havia algo chamado fé! Não me preocupei com o eterno...Em salmos (144:4) há a afirmação 

"O homem é como um sopro, seus dias são como uma sombra passageira"  (NVI, 2003)


O sopro é um ar que emitimos pela boca e quando o percebemos ele se encerra, não há quem consiga emitir um sopro por muito tempo, enquanto que a sombra aparece sempre quando se há luz, a sombra natural aparece com o sol e ao entardecer ela some, não prevalece por mais que uma manhã e uma tarde. Assim é nossa vida, assim foi a vida dele, nem ao menos nos trinta anos ele havia chegado...
O meu pensamento é arrependimento de não ter considerado isso, porque não dediquei um tempo a ele? Minha oração é que o Senhor tenha misericórdia da minha vida e que me auxilie a lembrar da importância e da brevidade da vida das pessoas...
Quanto a ele? Ele se foi e as lembranças ficaram, aquele que sorria em meio a tormenta, que sorriu mesmo perdendo o movimento completo da perna, mesmo perdendo o carro importado, mesmo perdendo a casa, mesmo perdendo a noiva, o amigo... Em meio a sua perda você me ensina a importância e a possibilidade de sorrir perante o caos, em meio a sua perda você me ensina o valor de se passar tempo com quem se é importante...em meio a sua perda, eu luto para não esquecer do que realmente importa!


Meu luto é lembrar de lutar pelo que realmente importa,
Eu luto para não esquecer o que realmente tem valor
Seu luto me trouxe a luta!




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Frase


O mágico de oz: frases de um livro





Hoje, terminei de ler um livro encantador um conto de fadas que trata de uma menininha que chega a terra de Oz e busca o caminho para casa o interessante é que ela passa por várias dificuldades encantadoras até encontrar o caminho, mas ela não encontra sozinha, pois na caminhada conhece amigos que desejam ter um cérebro (espantalho), um coração (homem de lata) e coragem (leão). Cada qual tem uma busca, mas juntos cada um encontra o que procura e que na verdade já estava dentro de si.

Abaixo algumas frases desse livro tão especial.


(p. 41)


Ao contrário do que dizem o coração precisa de razão, como disse o espantalho é necessário ter um cérebro para saber o que se fazer com o coração, pois o coração é enganoso.

"Dorothy começou a soluçar diante destas notícias, porque se sentia muito sozinha no meio de toda essa gente estranha." (p. 18)

  É muito comum estarmos rodeados de pessoas e mesmo assim nos sentirmos sozinhos pelo fato das pessoas serem "estranhas" para nós.


"-Eu não posso entender por que você deseja sair deste lindo país e voltar para o lugar seco e cinzento que você chama de Kansas.
-Isso é porque você não tem cérebro - respondeu a menina - Não importo o quanto nossos lares sejam monótonos e cinzentos, nós, as pessoas de carne e osso, preferimos morar lá do que em qualquer outro país, por mais bonito que seja. Não existe nenhum lugar como o nosso lar." (p. 29)

Como diz Green, o "lar é onde está nosso coração" apesar dos pesares ele ainda é o melhor lugar de se estar.


-"Se você sofre do coração - continuou o Lenhador de Lata - deve se dar por feliz, porque isto prova que tem um coração. Quanto a mim, não tenho coração, portanto não posso sofrer dele." (p. 45)

O lado bom de sofrer do coração é que se tem um, quantos não descobrem que tem um coração somente depois que sofrem dele?

"-Eu estou com um medo enorme de cair - disse o Leão Covarde -, mas suponho que a única coisa a fazer é experimentar. Assim, suba nas minhas costas e vamos tentar." (p. 50)

Ter coragem não é ter medo, mas é enfrentá-lo e fazer o que tem que ser feito no meio do medo, é andar mesmo quando o medo tenta paralisar.



Referência

BAUM, Lyman Frank. O mágico de Oz. Trad. Lagos, William. Porto Alegre: L&M, 2001.




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A dança




Rodopiam pegam-me pelas mãos e me fazem dançar, eu que não danço me vejo docemente sendo levada...


de lá

para cá!



Embalo-me, fecho os olhos e a sinto melhor, abro e me fascino...


No meio da dança a música se revela, ora um doce piano, ora uma forte guitarra, ora um suave violão,  tudo passa a ser contemplado...


Dançamos e no fim da dança compreendo, reflito, as leio e pergunto-me: 


quando as palavras me tirarão para dançar novamente?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sou mulher e escolho ser eu: um desabafo

Certo dia tive um diálogo truncado desses que nos faz refletir por dias o porque daquele diálogo ter me afetado tanto, o diálogo iniciou-se quando mencionei que meus filhos poderiam ter os brinquedos que quisessem.  Quem estava comigo masculinamente respondeu que não, pois menino não poderia ter bonecas e nem menina carrinhos que não fosse aqueles rosa (da barbie ou da Polly) como se dissesse que há brinquedos para meninos e brinquedos para meninas.
As mulheres hoje, ocuparam espaços nunca antes ocupados e os homens passaram a dividir esses espaços com as mulheres, ao ponto de não haver uma divisão do que é de menino e do que é de menina. As mulheres aprendem a dirigir, fazem faculdade, especialização, mestrado, doutorado, compram sua própria moto, seu próprio carro, sua própria casa, viajam sozinhas, trabalham em vários empregos e assim vão desbravando o mundo. Os homens por sua vez já não as tem o tempo todo ao seu lado, a dividem com as suas rotinas lotadas e acabam tendo que aprender a cozinhar, limpar a casa e cuidar de filhos (quando elas escolhem os ter).

No meio disso tudo vejo alguns homens com identidade confundida, não sabem até onde vão, o que fazem ou o que não fazem, na hora de pagar a conta, eles não veem problemas em ter uma mulher independente ao seu lado que paga sua parte ou paga a conta inteira; na hora de lavar o carro ou a moto e abastecer eles também não veem esse problema, mas na hora de ser guiado por ela, na hora de pensar nos serviços domésticos, então jogam fora toda valorização da mulher independente... “Deixa que eu dirijo, você não sabe dirigir...somente eu sou bom nisso...você tem que aprender a cozinhar, você terá que cuidar da casa...” e etc. OU SE VALORIZA EM TODOS OS SENTIDOS A MULHER INDEPENDENTE OU NÃO SE VALORIZA!
Se fosse para eu escolher uma sociedade a viver com certeza não seria essa, é uma crise de identidade de ambos os lados. Eu sei o tipo de mulher que escolhi ser, mas a sociedade não sabe, meus pais e qualquer outros pais com certeza nunca entenderão e por mais que finjam que entendem eu sei que no fundo não admitem eu ter escolhido estudar ao invés de ficar em casa, eu ter escolhido trabalhar ao invés de ter filho, eu ter escolhido viajar para estudo ao invés de comemorar datas importantes, eu ter escolhido ficar a madrugada acordada para estudar, ao invés de dormir.
 Eu escolhi fazer pós, trabalhar, viajar, dirigir, pagar para comer uma comida caseira ao invés de fazer, eu escolhi me vestir e sair de casa para comer aquele doce que tenho vontade do que encarar o fogão e tentar fazer, eu escolhi não saber cozinhar e sonhar em ter  um escritório ao invés de uma cozinha.
Ao contrário do que a masculinidade afirma, eu não tenho o dom para a cozinha, sou tão descompassada como qualquer homem e quer saber? Eu não estou fazendo a mínima para aprender, em meio as pós da vida, minha preocupação está mais relacionada a aprender a nova gramática, a pesquisar de maneira rigorosa, a contribuir cientificamente com a sociedade, a cumprir os créditos da disciplina, a fechar meu projeto de pesquisa, a enviar trabalhos a eventos, a ter meu artigo aceito na revista renomada...
Eu não sou uma mulher desse tempo, sou moderna apesar de ser a moda antiga, apesar de carregar em mim valores cristãos e morais, há coisas em mim que não são antigas. Meus filhos brincarão com o que quiserem, se meu filho querer uma boneca ele vai ter (afinal, um dia ele poderá escolher ter filhos), se meu filho querer brinquedos que lembrem a cozinha ele vai ter (afinal, espero que se case e divida as tarefas domésticas com sua esposa), se minha filha querer carrinho ou moto de brinquedo ela vai ter (afinal, espero que tenha seu próprio meio de locomoção), se minha filha querer hominhos que lembram exército, policiais e etc ela vai ter (afinal, já existem mulheres trabalhando nessas profissões). Eu não estabelecerei limites aos meus filhos, a liberdade que eu tive de escolha (nesse sentido), eu a passarei para meus filhos.
E que a sociedade não tente tirar essa minha liberdade, dizendo que como mulher devo fazer isso, aprender aquilo, ficar em casa, lavar, passar, cozinhar, limpar e ainda para ser ideal poderei porventura trabalhar (desde que não atrapalhe os serviços domésticos) e entregar todo o meu dinheiro dentro de casa. Eu posso afirmar que escolhi ser mulher e nessa escolha eu escolhi ser eu e ignorar os preconceitos e as pré concepções estabelecidas por essa sociedade fora do meu tempo.