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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Fardo leve










Todo esforço, todo cansaço  valerá a pena, 

o Senhor fará do nosso fardo 

o mais leve momento

do seu cuidado!









sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sou mulher e escolho ser eu: um desabafo

Certo dia tive um diálogo truncado desses que nos faz refletir por dias o porque daquele diálogo ter me afetado tanto, o diálogo iniciou-se quando mencionei que meus filhos poderiam ter os brinquedos que quisessem.  Quem estava comigo masculinamente respondeu que não, pois menino não poderia ter bonecas e nem menina carrinhos que não fosse aqueles rosa (da barbie ou da Polly) como se dissesse que há brinquedos para meninos e brinquedos para meninas.
As mulheres hoje, ocuparam espaços nunca antes ocupados e os homens passaram a dividir esses espaços com as mulheres, ao ponto de não haver uma divisão do que é de menino e do que é de menina. As mulheres aprendem a dirigir, fazem faculdade, especialização, mestrado, doutorado, compram sua própria moto, seu próprio carro, sua própria casa, viajam sozinhas, trabalham em vários empregos e assim vão desbravando o mundo. Os homens por sua vez já não as tem o tempo todo ao seu lado, a dividem com as suas rotinas lotadas e acabam tendo que aprender a cozinhar, limpar a casa e cuidar de filhos (quando elas escolhem os ter).

No meio disso tudo vejo alguns homens com identidade confundida, não sabem até onde vão, o que fazem ou o que não fazem, na hora de pagar a conta, eles não veem problemas em ter uma mulher independente ao seu lado que paga sua parte ou paga a conta inteira; na hora de lavar o carro ou a moto e abastecer eles também não veem esse problema, mas na hora de ser guiado por ela, na hora de pensar nos serviços domésticos, então jogam fora toda valorização da mulher independente... “Deixa que eu dirijo, você não sabe dirigir...somente eu sou bom nisso...você tem que aprender a cozinhar, você terá que cuidar da casa...” e etc. OU SE VALORIZA EM TODOS OS SENTIDOS A MULHER INDEPENDENTE OU NÃO SE VALORIZA!
Se fosse para eu escolher uma sociedade a viver com certeza não seria essa, é uma crise de identidade de ambos os lados. Eu sei o tipo de mulher que escolhi ser, mas a sociedade não sabe, meus pais e qualquer outros pais com certeza nunca entenderão e por mais que finjam que entendem eu sei que no fundo não admitem eu ter escolhido estudar ao invés de ficar em casa, eu ter escolhido trabalhar ao invés de ter filho, eu ter escolhido viajar para estudo ao invés de comemorar datas importantes, eu ter escolhido ficar a madrugada acordada para estudar, ao invés de dormir.
 Eu escolhi fazer pós, trabalhar, viajar, dirigir, pagar para comer uma comida caseira ao invés de fazer, eu escolhi me vestir e sair de casa para comer aquele doce que tenho vontade do que encarar o fogão e tentar fazer, eu escolhi não saber cozinhar e sonhar em ter  um escritório ao invés de uma cozinha.
Ao contrário do que a masculinidade afirma, eu não tenho o dom para a cozinha, sou tão descompassada como qualquer homem e quer saber? Eu não estou fazendo a mínima para aprender, em meio as pós da vida, minha preocupação está mais relacionada a aprender a nova gramática, a pesquisar de maneira rigorosa, a contribuir cientificamente com a sociedade, a cumprir os créditos da disciplina, a fechar meu projeto de pesquisa, a enviar trabalhos a eventos, a ter meu artigo aceito na revista renomada...
Eu não sou uma mulher desse tempo, sou moderna apesar de ser a moda antiga, apesar de carregar em mim valores cristãos e morais, há coisas em mim que não são antigas. Meus filhos brincarão com o que quiserem, se meu filho querer uma boneca ele vai ter (afinal, um dia ele poderá escolher ter filhos), se meu filho querer brinquedos que lembrem a cozinha ele vai ter (afinal, espero que se case e divida as tarefas domésticas com sua esposa), se minha filha querer carrinho ou moto de brinquedo ela vai ter (afinal, espero que tenha seu próprio meio de locomoção), se minha filha querer hominhos que lembram exército, policiais e etc ela vai ter (afinal, já existem mulheres trabalhando nessas profissões). Eu não estabelecerei limites aos meus filhos, a liberdade que eu tive de escolha (nesse sentido), eu a passarei para meus filhos.
E que a sociedade não tente tirar essa minha liberdade, dizendo que como mulher devo fazer isso, aprender aquilo, ficar em casa, lavar, passar, cozinhar, limpar e ainda para ser ideal poderei porventura trabalhar (desde que não atrapalhe os serviços domésticos) e entregar todo o meu dinheiro dentro de casa. Eu posso afirmar que escolhi ser mulher e nessa escolha eu escolhi ser eu e ignorar os preconceitos e as pré concepções estabelecidas por essa sociedade fora do meu tempo.




Meu pai: o homem da minha vida


Há textos que nos inspiram e quando o lemos buscamos algo que possibilite que compartilhemos o texto, mas como não encontramos temos a ideia brilhante de escrever nossos próprios textos. Hoje, o texto será para meu pai, pode ser que ele nunca leia e que também eu nunca queira mostrar a ele, mas o fato é que a necessidade não está na leitura, mas na escrita, o texto que nascerá não precisa ser lido, mas o que ele precisa é ser escrito.







Pai, três letras e um significado tão grande, não sei se começo pelo começo ou pelo fim rs. Meu nascimento trouxe uma palavra nova aos seus ouvidos, você que tem tantos nomes (Lê, José, Zé Lei, Zezinho...) de repente se viu com um novo nome que eu lhe dava: PAI. De todos os seus nomes, esse era dito especialmente e só por mim.
Lembra quando você chegava do trabalho e eu corria na janela da casa, em cima do sofá e gritava "Pai o que você trouxe para mim?" e você com uma mochila nas costas, em cima de uma bicicleta respondia "Um beijo e um abraço" e eu dizia "Ah, isso eu não quero" rs lembra quando esperávamos a mãe terminar o jantar e às vezes rodopiávamos no chão, virando e rodando deitados? Lembra quando eu espalhava todos os meus brinquedos e você vinha com o rodo me ajudando a guardar enquanto a mãe brigava desesperadamente?
Lembra quando você chegava todas as madrugadas, preparava minha mamadeira e colocava em uma cadeira de madeira ao lado do berço, porque toda madrugada eu esticava minha mão e bebia o leite misturado com achocolatado e açúcar? Lembra quando você me motivou a continuar aprendendo a andar de bicicleta mesmo depois do meu tombo e mesmo quando a mãe disse que isso não daria certo?
Era você que raramente tentava me bater e quando o fazia era com um jornal dobrado, que era justamente para não doer rs.Lembra quando você comprou aquela barbie grávida que eu tanto queria e era tão cara? E quando você a consertou as várias vezes que a quebrei de tanto brincar?  Ahh os consertos, "pai quebrei minha presilha, pai conserta minha blusa? Saiu o botão, pai concerta meu chinelo?...." Se algo quebrava eu não tinha com o que me preocupar, pois meu pai sempre consertava.
Foi você também que apoiou minha vontade de ter um coelho e construiu a casa dele, foi você também que me apoiou a comprar a sofia mesmo quando a mãe era meio contra rs....
E minhas flores? Sempre viraram suas, pois as entrego para você cuidar (tudo bem que você não cuida bem, porque tira a terra para plantar cebolinha rs). Foi você que me levou por nove anos na igreja, foi você que me esperava para ir em um churrasco porque tinha que me buscar na igreja antes. Mesmo não entrando, você me levava. Foi você pai, que comprou meus materiais escolares, todos do jeito que eu queria (e olha que cada ano era uma novidade) você que sempre olhava meu boletim e mesmo com os vários 10  e um 9 você dizia "Ahhh tem que melhorar", até que na faculdade em um semestre te mostrei que havia tirado tudo 10 então você respondeu "Parabéns". 
Foi você que me ensinou a ser forte e prática, você que sempre foi real comigo e se eu estava errada eu estava errada. Quando pequena sempre dizia que se tivesse que escolher com quem ficar eu escolheria você, confesso que nunca entendi muito bem o porque disso, hoje, pego-me pensando em tanto oculto entre nós que não sei, você me planejou enquanto ainda namorava com a mãe, o meu nome é fruto do seu sonho, talvez seja por isso que naquela tarde de domingo do ano passado em Prudente, a tia me confessou que quando eu era bebê eu somente dormia em cima do seu peito, quem presenciou disse que a cena era linda de se ver. 
Hoje, em meio a lágrimas escrevo esse texto, você meu pai tem mil defeitos, mas tem um trilhão de qualidades,ativo, forte, sábio, alegre, vencedor.. meu espelho, não sei se sou parecida com você ou se me tornei de tanto te admirar....





em meio a reticências, não finalizo este texto, mas afirmo que você é o homem da minha vida! 





A transformação das mulheres e os homens


A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer

RUTH MANUS
18 Junho 2014 | 11:15
 Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens.O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? .... Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? ....Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.“Talvez se eu fosse mais delicada…  Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? ... Que somos a geração da parceria e não da dependência?E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta. 


Fonte:>http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/a-incrivel-geracao-de-mulheres-que-foi-criada-para-ser-tudo-o-que-um-homem-nao-quer/