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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Professorando 3: relatos escolar da vida de uma professora

Continuando o relato da minha vida escolar....

Nossa surpresa aconteceu na quinta série, quando voltamos para o Baptista e as turmas estavam mescladas entre os alunos do Baptista e do Maria sttela. No início ficamos apreensivos, mas depois vimos que foi algo positivo, pois após alguns meses, estávamos  amigos e nem entendíamos por que tínhamos rixas na quarta série.     Nessa série tivemos uma professora que nos abandonou, ela estava grávida e dizia que não aguentava a bagunça, um dia ela chorou na sala de aula. Ao contrário dos outros anos, a indisciplina era muito grande, os alunos falavam alto, andavam, brigavam, e pegavam os materiais escolares que não o pertenciam.
            No decorrer dos anos, eu sentava na primeira carteira, fazia todas as atividades e buscava junto com minha amiga, tirar a melhor nota. Na sexta série, recebi 4.75 em matemática foi a minha nota mais baixa, quando descobri chorei e pedi para a professora aplicar uma prova de recuperação, a professora disse que aplicaria no dia seguinte e então eu estudei a noite inteira e consequentemente consegui acertar todas as questões e tirar nota 10.
            Na sétima série, eu conheci uma amiga na escola que de certa forma mudou minha vida, pois ela fazia teatro e dizia que lia muitos livros, assim, comecei a fazer teatro, e também queria ler todos os livros que existissem na biblioteca, eu achava um absurdo não ter lido nenhum livro com 13 anos, então comecei a emprestar livros da biblioteca.            Toda semana eu pegava um livro como: Pollyana, Pollyana Moça, A marca de uma lágrima, Amor impossível possível amor entre tantos outros, após alguns meses, lia os livros do Pedro Bandeira em apenas uma tarde. No intervalo das aulas eu conversava com a uma amiga sobre os livros que estávamos lendo, eu aprendi a gostar de ler com ela, pois ela falava com prazer dos livros que lia. Uma tia minha incentivou esse gosto e me deu uns livros considerados clássicos da literatura, assim, sem saber dessa característica eu li Dom Casmurro de Machado de Assis e depois fui conversar com a minha professora de português perguntando: “professora, aquela história é verdade? Porque ele fala na primeira pessoa”, a professora explicou que a história não era verdadeira e aquela era a forma que alguns escritores escreviam.
            Essa professora de português não ensinava muito sobre livros, mas ensinava sobre a análise sintática de frases, a forma e o conteúdo que ela utilizava está gravado em minha mente. Ela era muito rígida e exigia silêncio absoluto, pois dizia que sua enxaqueca se manifestava com o barulho. Assim, não podíamos conversar e ao chegar à sala de aula ela esperava silêncio, em seguida, escrevia o conteúdo na lousa, enquanto copiávamos ela explicava e depois fazíamos atividades.
            Talvez o diferencial dela em relação aos outros professores é que ela realmente dominava o conteúdo e respondia todas as perguntas que fazíamos. Apesar de ser uma ótima professora, não gostávamos de ter aula com ela, pelo fato de ser cansativo ficar em silêncio por 50 minutos.
            Quando a professora repreendia-me eu ficava pensando e repensando que deveria ter sentado, ou ter falado menos. Eu era disciplinada, e qualquer apreensão dos professores fazia com que me sentisse mal e pensasse: “amanhã ficarei em silêncio”.
            Na 8ª série, gostei muito da formação da turma, pelo fato de conhecermos uns aos outros. Havia alguns meninos que eram muito engraçados, ríamos todos os dias, porém às vezes ficávamos tristes, pois sabíamos que no ano seguinte a sala seria transformada, pois muitos alunos mudariam de escola.
            Nesse ano, fizemos camiseta, com a seguinte frase “não somos melhores e nem piores somos apenas diferentes”, nos sentíamos diferentes, pois éramos uma sala unida. Essa união, fez com que a turma fosse castigada, pois uma menina da nossa turma rasgou o caderno de ocorrências da escola, então a diretora foi até a sala e perguntou quem tinha feito aquilo, nós sabíamos quem era, mas não contamos. A diretora começou a ameaçar, fingiu que ligou para a polícia e por fim disse que ficaríamos sem participar do interclasse, que era um período do ano que ocorria jogos entre as classes (futebol, vôlei e outros).
            Na minha sala tinha os melhores jogadores de futebol da escola e esperávamos com muita expectativa os jogos, mesmo o jogo sendo tão importante para a sala, ninguém contou quem tinha rasgado, e a diretora disse: “Se vocês não contarem ficarão sem interclasse” e assim não participamos dos jogos. Uma amiga minha e eu apresentamos um teatro para representar a turma no interclasse e o tema do teatro era provar que todo adolescente queria aparecer.
            Fazíamos festa da primavera na escola, vendíamos bolo, brigadeiro, refrigerante para arrecadar dinheiro para a formatura, esse dinheiro era administrado por mim e por uma amiga, no final do ano a turma foi para um parque aquático com o dinheiro arrecadado e nos divertimos muito.    Na formatura, mais precisamente no dia da colação, escrevi um texto que foi corrigido pela diretora e  assim pude lê-lo em homenagem aos professores que gostaram de tal ato. Além disso, teve premiações para os três melhores alunos de cada turma e eu recebi uma medalha de “Honra ao Mérito”, os demais alunos disseram que já sabiam que eu receberia.
              Os alunos, pediam meu caderno para copiar a matéria em casa e pediam que os auxiliasse na resolução dos exercícios, eu auxiliava com alegria, porque gostava de ensinar. No primeiro ano do ensino médio, permanecemos na mesma escola que também passou a atender o 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, fomos surpreendidos quando percebemos que eles tinham formado uma sala com os melhores alunos, eu estava inclusa nessa sala e as outras classes nos chamavam da sala dos CDFs; a equipe escolar negava, mas nós sabíamos que era a verdade.
               No segundo ano do ensino médio, comecei a trabalhar e mudei para uma escola que atendia no período noturno, a escola também era estadual e era denominada “Baltazar de Goy Moreira”. Minhas recordações dessa época são mais negativas do que positivas.             No terceiro ano do ensino médio, eu chegava à sala cansada e a sala tinha muita desordem, barulho e bagunça. As maiorias dos professores não se importavam muito e ao contrário da outra escola eu não queria relacionar-me com eles.
            Havia um professor, que realmente se interessava e queria que aprendêssemos, seu nome era Tolói, cuja aula era agradável e demonstrava um grande domínio da matéria (o que não era comum entre os outros professores). Esse professor era um dos mais respeitados pelos alunos, não por medo, pois ele era um dos poucos que não gritava e raramente ficava nervoso, dessa forma o respeito era em decorrência da grande admiração que os alunos tinham por ele, mesmo os que não se interessavam pelos estudos o admiravam dizendo que ele sabia muito sobre história e demonstrava segurança sobre o que falava, outra característica dele era que não faltava às aulas, ele foi meu professor por dois anos, e não faltou nenhuma vez, (já com os outros professores não se pode dizer o mesmo).
            Ao descobrir que eu tinha escolhido pedagogia como curso superior, ao contrário dos outros professores, ele me incentivou bastante e disse algo que sempre irei lembrar: “Não importa o que você fizer, no mundo precisamos desde o pedreiro até o médico, mas se você escolher ser um pedreiro então você deve ser o melhor pedreiro, assim como o médico e as demais profissões”.
            É impossível falar da minha trajetória escolar e não citar o nome do Tolói. Ele respondeu todas as perguntas que eu fazia, mesmo se a aula era sobre segunda guerra mundial e eu perguntava do descobrimento do Brasil, ele respondia e nunca disse que não estávamos trabalhando com aquele conteúdo. Quando tínhamos aula vaga uma amiga minha e eu, pedíamos para ele responder algumas dúvidas e ele fazia prontamente.
            Comumente eu costumava dizer que nos dois últimos anos do ensino médio, a escola tinha atrapalhado e não ajudado meu aprendizado, assim ao perceber como o ensino era precário, comecei a estudar sozinha frequentando todos os dias, a biblioteca municipal da cidade de Marília.
                   No ano seguinte, estava com 17 anos “entrei” na UNESP, passando em sexto lugar no vestibular, apesar de algumas invariantes como: estudar apenas em escola pública, estudar no noturno e ter trabalhado nos últimos dois anos, não ter feito cursinho pré- vestibular e estar saindo do ensino médio.
               Na UNESP, rapidamente me acostumei com a forma diferenciada de ensino, tínhamos que ler um texto que posteriormente era explicado pelo professor, assim, na aula o texto era exposto mesclando com nossas dúvidas. Eu adorava o fato de já ir para a aula sabendo o conteúdo que seria tratado, e conclui que era mais fácil aprender quando eu já tinha uma breve noção sobre o tema.
                  Os professores instigavam nossa criticidade e eram constantes os debates, que ao contrário da escola não alterava em nada as afinidades, desse modo, eu poderia discordar da minha amiga e apresentar argumentos para tais discordâncias, mas isso não mudaria nossa amizade. A forma de avaliação era diferente, não tive provas, mas trabalhos e seminários que inicialmente resultavam em um certo receio.
          
Em breve postarei sobre um texto que elaborei a partir da sensibilização em uma aula de teatro...

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