Pesquisar neste blog

domingo, 2 de novembro de 2014

Professorando 4: relatos escolar da vida de uma professora

Continuando o relato da minha vida escolar...

No terceiro ano de UNESP, iniciei os estágios curriculares obrigatórios, iniciei pelo fundamental (pelo fato de gostar mais) voltei para a escola que tinha realizado estágio remunerado e contei histórias nos três meses que frequentei a escola. Posteriormente, estagiei em um berçário e depois na EMEI, a unidade escolhida foi a que eu estudei com cinco e seis anos.
Além disso, em 2011, também fiz aula de teatro, em uma aula a professora trabalhou com as emoções que fez com que eu contasse a minha história, assim, contei a história do que eu senti em voltar em um lugar que tinha estudado há 15 anos. Após contar a história, a professora de teatro pediu que eu a escrevesse e ela foi lapidada da seguinte forma:




Minha história: Presente e passado entrelaçado

Conheço uma menina que resolveu voltar para a escola que ela tinha estudado há 15 anos, porém dessa vez ela não era denominada como aluna, mas sim como estagiária.  A menina entrou na escola ansiosa para encontrar algo que lhe parecesse familiar, então ela olhou para o pátio e lembrou que era nele que ficava sentada em fila esperando sua mãe chegar, quase sempre ela fixava o olhar no portão procurando a mãe que nunca era a primeira a entrar.
-Hei Pedro, sua mãe chegou! Carla agora é a sua- dizia a menina.
Após alguns minutos que o portão tinha sido aberto a menina continuava sentada esperando, e enquanto isso ela brincava de “caminhão de laranja”, “babaloo” e tantas outras brincadeiras que utilizavam as mãos. Mas agora já tinha se passado 15 anos, ela olhou para a direita procurando o “parque” e encontrou as gangorras, os balanços, mas não encontrou o brinquedo que ela mais gostava: o trepa - trepa, que permitia que ela ficasse mais alta que os adultos.
            Ela olhou para a esquerda, procurando a piscina que tanto gostava, entretanto encontrou uma quadra no lugar da azul piscina que era utilizada poucos dias no mês.            Sem desistir de encontrar resquícios do passado a menina colocou-se nas pontas dos pés e inclinou o corpo procurando enxergar o extremo da escola, e então ela sorriu, ao perceber que ainda tinha algo que permanecia da mesma forma, era  o tanque de areia. No mesmo instante ela imaginou-se garotinha, sentada em meio aquele marrom todo, ela tocava aquela areia que escorria por seus dedos. A garotinha adorava construir castelos das histórias que a professora contava, era “Cinderela”, “Bela e a Fera”, “Branca de Neve” e tantas outras histórias.
            Ela sempre pensava:
            - Esse castelo será da “Chapeuzinho Vermelho”, coitada não teve príncipes e nem castelos.
            Enquanto pensava também fazia muro, pontes e duas portas para o castelo.
            Quando cansava de fazer castelo, pegava o balde enchia de areia e misturado com imaginação, aquela areia virava bolo de morango, bolo de chocolate, e se encontrava um graveto ele logo era transformado em vela de bolo de aniversário e se quisesse uma festa era só chamar os colegas da classe que prontamente cantavam parabéns, e na hora de assoprar a velinha diziam:
            - Assopra mais forte igual ao lobo mau dos três porquinhos.
            Mergulhada em sua imaginação, ela voltou para o pátio e levou o olhar para o lado, foi quando ela paralisou, não acreditava no que estava vendo, em um momento tudo parecia ter voltado 15 anos da sua história, a menina tinha encontrado a professora de quando era aluna daquela escola. A professora não tinha mudado, continuava com o mesmo cabelo a mesma pele e mesmo sem reconhecer sua aluna do passado, a adorável e serena professora esboçou um sorriso singelo e simples, naquele momento passado e presente se entrelaçava, foi quando a professora disse:
            - “Hei turma, vamos turma tomar o lanche...”
            Ela olhou para a sua ex-aluna, e disse
            -“essas crianças!”
            A menina permaneceu observando a professora, seguindo-a com o olhar e procurando alguma coisa do passado. Até que percebeu que a professora não era mais a mesma, apesar de aparentemente estar igual, algo tinha mudado, pois a professora que antes era admirada e considerada uma heroína que a pequenina sonhava em ser igual, agora parecia tão frágil.
            A professora não era a mesma, a menina tinha certeza. Foi então que a estagiária percebeu que fazia menos de 05 minutos que ela estava naquele pátio, e que nesse tempo ela tinha voltado quinze anos da sua história, passado e presente tinha se entrelaçado.
            Refletindo, a estagiária considerou que antes a professora parecia tão forte e grande porque a menina era pequenina e a olhava de baixo para cima, agora ela está do tamanho da professora e a olha frente a frente.
            Não sei se fiz certo revirar nas minhas memórias, que como um baú foi aberto no exato momento que olhei para aquele pátio na posição de estagiária. Se é certo fazer isso eu não sei, mas de uma coisa eu sei: esse baú continua aberto, para tantas e tantas HISTÓRIAS, tantas e tantas MEMÓRIAS.                            

                                                                                                  Aline de Novaes
                                                                                             23/08/11

            Essa história representa uma etapa muito importante da minha vida e realmente o baú de memórias continua aberto...Em breve continuo a proposta do "Professorando", postando sobre minha escolha em ser professora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário